Paulista, São Domingos e Malta estão escrevendo um novo capítulo na história da Região Turística Vale dos Sertões (Paraíba). Em um movimento raro de alinhamento político e mobilização social, os três municípios aprovaram recentemente as leis que criam o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) e o Fundo Municipal de Turismo (FUMTUR) e já se organizam para, em dezembro/2025, realizar a eleição e posse da primeira diretoria dos conselhos. O objetivo é claro e ousado: reunir todas as condições exigidas pelo Ministério do Turismo para ingressar ainda em 2025 no Mapa do Turismo Brasileiro, porta de entrada para políticas públicas, capacitações, investimentos e maior visibilidade no cenário nacional.
O COMTUR é um colegiado que reúne representantes do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil para assessorar a definição e a implementação das políticas municipais de turismo. Ele é um canal permanente de participação social, que fortalece a democracia, garante continuidade às ações de governo e ajuda a alinhar o planejamento turístico à realidade local. Já o FUMTUR é uma conta específica, vinculada à Prefeitura, criada para receber recursos orçamentários, convênios, doações, receitas de tarifas e taxas ligadas à atividade turística, garantindo mais agilidade, transparência e capacidade de investimento em projetos estruturantes para o destino.
Esse movimento está totalmente alinhado ao Programa de Regionalização do Turismo, política nacional que incentiva municípios a atuarem de forma integrada em regiões turísticas, organizando e estruturando a oferta de serviços, produtos e experiências de maneira complementar. O Programa parte da ideia de que o desenvolvimento do turismo é mais eficiente quando vários municípios se unem, fortalecem sua governança e planejam de forma articulada, formando regiões competitivas no mercado. É justamente esse caminho que a Região Turística Vale dos Sertões vem trilhando: transformar seu potencial em resultado concreto para a economia local, para o emprego e para a melhoria da qualidade de vida.
Estar no Mapa do Turismo Brasileiro significa ser reconhecido pelo Ministério do Turismo como parte dessa rede de destinos em processo de estruturação, com governança ativa, planejamento em andamento e compromisso com a profissionalização da atividade. O Mapa orienta a priorização de investimentos federais, programas de apoio, qualificação, promoção e ações estratégicas do Governo Federal nas regiões turísticas. Municípios fora do Mapa tendem a ficar à margem de editais, chamadas públicas e oportunidades de fomento, enquanto aqueles que se organizam passam a disputar recursos com vantagem competitiva.
Outro pilar desse processo é a formalização dos empreendedores. O CADASTUR, sistema oficial de cadastro dos prestadores de serviços turísticos, é um dos instrumentos utilizados pelo Ministério do Turismo para monitorar e qualificar o setor. O próprio Programa de Regionalização enfatiza a importância de mobilizar empresas e profissionais para se cadastrarem e atuarem de forma regularizada, garantindo mais segurança para o turista e ampliando o acesso a linhas de crédito, programas de qualificação e ações promocionais. Em regiões como o Vale dos Sertões, onde muitos negócios estão nascendo agora, o CADASTUR deixa de ser burocracia e passa a ser passaporte para crescer de forma sustentável.
A decisão de Paulista, São Domingos e Malta de criarem COMTUR e FUMTUR, alinharem-se ao Programa de Regionalização do Turismo e buscarem posição no Mapa do Turismo revela visão de futuro e compromisso com os empreendedores locais. Significa entender que turismo não é apenas festa ou evento pontual, mas política pública estruturada, com planejamento, governança, financiamento e participação social. Esses municípios já deixam claro que desejam disputar investimentos, atrair visitantes, valorizar a cultura sertaneja e gerar novas oportunidades de renda para quem vive e empreende no território.
Por outro lado, os municípios que ainda não se mobilizaram correm o risco de assistir à transformação acontecer apenas nos vizinhos, enquanto seus empreendedores ficam à margem das principais oportunidades. Não criar COMTUR e FUMTUR, não participar ativamente do Programa de Regionalização e não buscar o ingresso no Mapa do Turismo é, na prática, renunciar a recursos, formação, promoção e parcerias estratégicas que podem fazer diferença no médio e longo prazo.

Este é o momento de decisão para todo o Vale dos Sertões. Paulista, São Domingos e Malta já deram o passo corajoso de afirmar que desejam ser destinos turísticos reconhecidos nacionalmente. Cabe agora aos demais municípios olhar com atenção para esse movimento, compreender sua importância e escolher se querem ser protagonistas dessa nova fase ou apenas espectadores vendo a oportunidade passar — e, com ela, o desenvolvimento que poderia fortalecer a economia local e a vida de seus empreendedores.
Esse movimento também é resultado direto do apoio técnico continuado que o Sebrae/PB, em parceria com o Governo do Estado, vem oferecendo à região. Há seis meses, um consultor especialista em turismo foi disponibilizado para assessorar os municípios do Vale dos Sertões, sem qualquer custo para as prefeituras, no âmbito do Programa Agentes de Roteiros Turísticos. Ao longo desse período, foram mapeados potenciais, desenhados e testados produtos turísticos, estruturados roteiros integrados entre os municípios e fortalecida a articulação com empreendedores locais, criando as bases para que a inclusão no Mapa do Turismo Brasileiro seja acompanhada de uma oferta qualificada de experiências, capaz de gerar negócios, renda e uma nova perspectiva de futuro para o sertão paraibano.






